DEPOIMENTOS SOBRE A CIA
Éramos (mais) jovens. Estudantes, morando em república. Roqueiros. Montamos uma banda de som autoral e alguns covers e saímos à procura de lugares para que nos ouvissem. Queríamos ser ouvidos e ouvir outras bandas, nós fazemos arte!
Entre um ensaio e outro dentro da república, de repente ouvi rumores que ali perto, ruas abaixo da movimentada avenida Colombo havia uma companhia de teatro, cuja realizava todo mês um evento, na época chamado “Cabaré Artístico”, onde além de esquetes e performances teatrais, rolava também bandas ao vivo. O pensamento dos parceiros vibrava na mesma sintonia: bora conhecer! Contato vai, contato vem, chegou o grande dia de mostrar nossa música.
No meio das residências, como um girassol no meio de um canavial, como uma flor que nasce no meio do asfalto duro, conhecemos a Companhia Pedras de Teatro e Circo; e conhecemos um casal que inspirava e respirava arte e cultura, que no meio da roda viva da realidade implacável resistia através da sublime ação de nos fazer pensar, sorrir, chorar, se assustar, se surpreender e se modificar através da arte.
Mas não é qualquer arte de que estou falando. Aquele casal não faz simplesmente arte. Faz arte não-comercial. Arte não contaminada. Arte pura e limpa, mesmo mostrando a sujeira que existe por aí.
Foi paixão à primeira apresentação. Uma catarse que não precisou ser forçada ou estimulada, o ar tinha uma coisa diferente, o ambiente exalava resistência. Resistência ao preconceito, resistência à discriminação, resistência ao ódio. Amor pela arte. Arte por amor.
Foi maravilhoso contribuir com nosso grito de socorro, nossa música estava em casa, nossos irmãos estavam presentes. Hoje é como se fosse um surfista que mora longe do mar, a saudade cresce e de tempos em tempos ela deve ser podada, e a onda, que hoje se chama “Vertigem” e está em outro pico deve ser dropada e sentida, pois saudade pode afogar a gente.
As bandas são outras, mas a resistência é a mesma. E a gratidão só aumenta, a cada arrepio, a cada sorriso, a cada apresentação neste palco sagrado. Quem ainda não conhece a hora é agora, os braços, as portas e o palco estão abertos. Obrigado Cia Pedras, obrigado Iara e Adriano.
Hugo Abonizio Ceresso (Psicólogo e Baterista da Banda Milhar Seca)
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Carina Veltrini (Estudante de Direito e estudante de Teatro na Cia Pedras)
Minha Querida Cia Pedras,
Ainda lembro daquele primeiro dia. Quando eu estava perdida e bati à tua porta e fui recebida com um sorriso e todo amor do mundo. Lembro do que me disse: que não era só por mim, mas também pelo mundo, pela arte! Que o teatro não serve só para me pôr no palco, mas para me tirar da bolha do meu umbigo, me inserir no espetáculo que é a vida e me fazer uma pessoa melhor.
E isso você fez, como fez! Você fez tudo! Me libertou das amarras da minha pequenez, me fez lembrar de ser pessoa, de ser gente, de ser povo, de ser o que eu já tinha esquecido: humana. Tua fala firme e doce, Pedras, me transportou para onde eu queria ir. Obrigada, obrigada!
Foi no teu abraço que encontrei o caminho e redescobri a arte. Não aquela que a gente sabe, feita de matéria, mas a arte humana que transforma, que me transforma, que nos transforma. Aquela ARTE em letra maiúscula, há tanto esquecida, que mexe, cutuca, nos tira do caminho para nos colocar no rumo. Arte-alma! Sabe-se lá de onde vem tua resistência, sabe-se lá de onde vem a tua força, mas ela me fez melhor. É na tua resistência e humanidade que encontro a liberdade que sempre precisei. Ela me faz entender que não há limites, que meu corpo é livre, que posso ser mais do que me permito. Que somos mais. Que somos mais quando somos juntos.
Como separar quem sou hoje de você?
Como posso dizer que sou alguém, se só sou alguém porque tu me fizeste melhor?
Você me fez Amelie por um dia, Pedras, mas me fez muito mais pela vida.
E tudo o que posso dizer é obrigada.
Por ser grande. Por ser lar.
Que nosso amor seja infinito enquanto dure!
E que ele dure para sempre.
Com amor,
Carina
Eu gostaria de compartilhar com todos a minha experiência e amizade com a Cia Pedras. Meu primeiro contato foi em 2008, em curso de pós-graduação em arte, a professora Iara Ribeiro ministrava as aulas de linguagens da arte, foi lá que também conheci o Adriano Braga, sempre muito companheiros. A Cia começou a crescer e se destacar com o trabalho humano e sério, que como poucos se atrevem, de trazer para o consciente a reflexão das questões da nossa existência. Tive o prazer de assistir as peças '' Ave de Rapina'' e ''Reflexos'', que nos leva a uma viagem interior, a olhar e reconhecer nossas sombras, de forma poética e ao mesmo tempo realista. Mas, o que mais admiro, é a sua resistência em se manter firme em suas propostas e objetivos, levando e mostrando possibilidades de perceber a vida em variadas perspectivas. Tenho muito prazer em conhecê-los, tenho muita admiração pelo trabalho e principalmente pelas pessoas humanas que são. Um grande abraço e muito sucesso!
Claudia Guimarães ( Formada em Geografia, Artes Visuais, especialista em Arte educação e Personal Coaching)
Existem muitas coisas que me ajudaram na caminhada da vida , e uma das mais preciosas foi o teatro, que de pouco em pouco foi se transformando em algo tão grande que seria impossível eu me desprender.
E foi nessa jornada que me deparei com Cia Pedras, um Lugar grandioso, mágico, maravilhoso, diferente de tudo que já tinha conhecido , sem contar com as pessoas que faz parte de tudo isso, Iara uma professora que mostrou a realidade que ignoramos em vários lugares todos os dias, misturava técnica, poesia e humanidade em suas aulas e transbordando amor nos abria os olhos para sonhar, amar, sentir , se libertar , das correntes muitas vezes criadas por nós mesmos.
Tudo isso foi muito importante na minha vida e eu não imaginava que em 1 ano poderia me ver com outros olhos , para amar precisamos nos amar , e isso muitas vezes é uma tarefa difícil, porque sempre há alguém para julgar, mas o Cia Pedras me ensinou a resistir , e que sempre há uma segunda opção. Agradeço de coração por ter conhecido , estudado, evoluído, e vivenciado em um lugar onde o que importa é o bem de todos , e mostrar que somos fortes juntos.
A ARTE RESISTE e como a Iara Ribeiro sempre diz: Abraço de resistênciaLuciele M. Franco (Graduanda em Direito e Aluna de Teatro Cia Pedras)
Iniciei minha caminhada no teatro com a Cia Pedras e hoje estou no meu 4º ano como aluna, tendo participado da montagem de 4 peças de teatro, com apresentações no Teatro Barracão, em feiras e em escolas e, ainda, venho tendo a oportunidade de vivenciar a criação de pequenos quadros para apresentações intimistas e de participar de interações com público.
À princípio, decidi fazer teatro para trabalhar a minha timidez e acabei encontrando uma paixão, pois o teatro te possibilita autoconhecimento e meios para externalizar aquilo que acreditamos através de nossa arte e nosso corpo.
A Cia Pedras foi essencial para que eu trilhasse esse caminho de aprendizado, uma vez que as aulas são preparadas pensando nas necessidades de cada aluno e da turma enquanto grupo, já que a individualidade e a coletividade são antinomias que se completam no teatro.
Além do trabalho com corpo, voz e sentimento, as aulas também enfocam no aprendizado teórico, necessário para a construção de um ator completo, possuidor de um conhecimento técnico e humano, que compreende a história do teatro e, assim, é capaz de contribuir para a sua continuidade.
A Cia Pedras é composta por profissionais humanos e detentores de um grande conhecimento, conquistado através de muito estudo e muitas vivências durante seus anos de trabalho. E é graças a toda essa bagagem que eles são capazes de tocar nossos corações e lapidar essas pedrinhas brutas que somos nós, alunos, para que possamos criar uma arte dignificante e que nos reflita.
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Meu nome é Lorena, e desde que comecei os cursos (teatro e circo) eu mudei e me desenvolvi muito, corporal e intelectualmente.
Comecei no teatro, com o intuito de melhorar minha comunicação com as pessoas, pois eu era muito tímida, e no começo quase desisti por esse mesmo motivo.
Mas com a evolução das aulas eu fui crescendo e me conhecendo, testando meus próprios limites corporais e intelectuais, pois eram exercícios que me desafiavam a pensar de outra forma, de ver o outro e a mim mesma de uma forma livre, sem amarras.
As aulas teóricas me permitiram conhecer a história da arte, de uma forma que eu sempre admirei, mas nunca tive a oportunidade de estudar sobre.
Dentro do Pedras pude descobrir quem eu realmente era e o melhor, lá eu podia ser EU. Gostei tanto, que mesmo tendo que parar por um tempo o curso, sempre tive vontade de voltar.
Quando voltei, descobri também o circo... que curso, que aulas, que professores!!!!
São aulas dinâmicas... práticas e também teóricas, que permite aprender sobre a arte circense a fundo, e abrange todas as atividades circenses (não só aéreas como se vê muito como preferência hoje em Maringá), mas também: acrobacias solo em grupo, duplas ou individual, malabares, perna de pau, monociclo. Uma dinâmica que nos ensina sempre a trabalhar em grupo, pensando no coletivo.
Sem contar também nos benefícios corporais, que vem como consequência rsrs eu que nem ficava de ponta cabeça, hoje consigo fazer parada de cabeça, trabalhar movimentos na lira que exigem ficar de cabeça pra baixo, e muitos outros movimentos ditos simples, mas que pra mim eram grandes desafios, como o rolamento, por exemplo.
Enfim, só tive benefícios dentro da Cia Pedras. Iara e Adriano, parabéns por serem esses grandes profissionais, vocês mudam a vida de muitas pessoas por meio da arte, e isso é maravilhoso.
Obrigada por existirem na minha vida e fazerem parte da minha história.
Beijos da Lolo!
Sempre tive uma veia artista. A arte sempre esteve comigo de alguma forma. Foi então que em 2015, com meus 23 anos, decidi que precisava me permitir ir mais além. Nesse contexto o Pedras cruzou meu caminho.
Em 2016 comecei meu curso de teatro. Foi uma experiência muito ímpar. Eu, que em todos os contextos sou travado com o novo, entendi que aquele tempo e espaço eram para a permissão! E foi isso que fiz (e que até hoje levo como proposta) a permissão. Permitir ser eu mesmo e o outro ao mesmo tempo. Permitir sentir. Permitir (con)viver.
As aulas foram seguindo. Meu desenvolvimento também. E o convívio também.
Tive aulas maravilhosas. Vivências sensíveis. Saí da minha zona de conforto. Ri um monte. Derrubei algumas lágrimas. Tive dor. Alívio. Muito suor. Corpo trêmulo. Isso e um monte de outras experiências que só comprovavam a cada exercício que eu estava vivo. Estamos vivos!
Acho que até hoje não dediquei tanto minha vida para outras coisas com a mesma intensidade que levo o teatro. É tanto amor contido que não dá pra medir.
Sou muito feliz por ter encontrado a Cia Pedras. A Iara Ribeiro. O Adriano Braga. Meus colegas de turma.
Sou imensamente grato pelas oportunidades que tive. Grato por todos os exercícios que participei. Grato pelos abraços. Pelo incentivo às revoluções diárias. Grato por aquilo que faz eu sair da bolha do umbigo. Grato pelos eventos. Pelos elogios. Pelas críticas. Pelo conhecimento. Grato pela vida.
Seremos seres sociáveis, o mundo precisa disso. Seremos artistas, o mundo precisa disso.
Seremos Pedras!
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POR LEONARDO MARQUES (Estudante de Teatro e Circo na Cia Pedras )
Quando criei coragem e decidi querer ser ator comecei a procurar uma escola, minha idéia era aprender teatro, porque sabia que todos os atores que eu admirava e admiro, as minhas inspirações, tinham o teatro em sua base, então era isso que eu procurava e o PEDRAS, veio como um presente dos Deuses do teatro pra mim quase como um aviso que “Sim aceitamos você”.
Porque desde o primeiro dia só me faz ter mais amor e respeito por essa arte me ensinando cada dia mais e ao mesmo tempo me deixando com mais fome de conhecimento e aprendizado sobre ser ator, que aos olhos de outro pode parecer simples, mas no seu dia a dia convivendo e aprendendo com mestres da arte de atuar e de ensinar, você aprende que não é fácil, que é muito difícil, mas que a recompensa é constante, a cada aula bem feita, a cada exercício que você se supera, e a cada espetáculo que você planeja, trabalha e se vê fazendo tudo que aprendeu, a recompensa é enorme vale cada dificuldade e vai valer durante toda sua vida.
É uma escola que te prepara como artista, um artista para o palco e para vida, uma vida sendo artista com uma visão de um futuro ,correndo atrás com as dificuldades dessa profissão, e pra vida como ser humano, que ser artista não e só a pessoa recebendo aplausos em um palco, mas também a arte de ser um ser humano digno e ativo na sociedade hoje tão carente de artistas do dia a dia , artistas do amor ao próximo.
Sempre digo, que todo mundo que pensa em ser ator precisa passar pela CIA PEDRAS, ou por alguma escola do mesmo nível e com a mesma ideologia em seus ensinos, com os mesmos pensamentos que são transmitidos pelos seus professores e donos, Iara Ribeiro e Adriano Braga.
Bom agora um depoimento mais pessoal: quando eu fui me inscrever no curso de teatro da CIA PEDRAS a 3 anos atrás já era quase no meio do ano e não tinha vagas, mas depois de uma breve conversa com a Iara Ribeiro diretora e dona da companhia, onde ela simplesmente me perguntou o ”por que?” e abriu uma vaga pra mim, e nesse momento pode se dizer que foi e sempre vai ser um dos pontos de maior mudança da minha vida, sem o PEDRAS, eu não sei o que eu seria hoje ou onde eu estaria , então só digo obrigado por tudo aos meus professores, mestres e hoje acho que posso dizer amigos Iara e Adriano da CIA PEDRAS.
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Andei conversando comigo e me chamei por outros nomes
Me virei do avesso pra poder exprimir o suco da minha essência
meu múrmurio linguajar primário,
para servi-lo ao povo que tinha sede!
Em goles torrenciais sorvia,
Levando ao peito do príncipe ególatra
aquilo que foi o grande feito dos dias
Enxergar na claridade da existência outra.
Guerrear nos palcos, nas feiras, na escola
Pedras preciosas lançadas por crianças
Vencem os tanques
na vigilância dos olhos reacionários
prisiomedos conservados pela lente
mortificados, vida estanque.
Murmúrios que a chuva não silencia,
Límpido Corpo lapidado vivo trovoa:
"Minha cova é este corpo libertário!"
POR RAFAELA F. ROMERO (Cursando Ensino Médio, Estudante de Teatro)
Ah! O que dizer do Pedras né? Bom! Vou começar dizendo como os conheci.
"Era uma vez uma garotinha de apenas 8 aninhos, prestes a completar 9,e já estava a um tempo procurando lugares onde davam aulas de teatro,pois adorava arte, principalmente assistir peças,mas era muito nova e nenhuma companhia dava aulas para crianças. Até que uma vez foi com seus pais ver uma peça chamada "Andarilhos de Cordel" da Cia Pedras! E não é que eles eram bons mesmo! E melhor! Davam aulas para crianças acima de 9 anos! A garotinha se matriculou e continua lá até hoje,mas o resto eu já conto..."
Essa foi a primeira vez que os vi, um dia e uma peça que marcou muito!
Mas por quê? A resposta é clara! O Pedras é o melhor lugar que já estive! Vivi e cresci lá não só físico como espirito e mentalmente. Já fiz circo,dança-teatro e o teatro, que faço até hoje. Lá é minha segunda casa onde aprendi muito sobre a vida, pois não é um lugar qualquer, onde se ensina "corpo, voz e sentimento" ou dar falas, dirigir as cenas e pronto.
Nãooo!!!! muito pelo contrário, te ensinam a amar, ao olhar o próximo, a não ter preconceitos, não ser egoísta, arrogante, ou viver só na sua “bolha de umbigo”, como sempre diz Iara, te deixando ser livre para ser e fazer o que quiser desde que não invada a liberdade do outro, respeitando opiniões opostas e dando e recebendo carinho as pessoas, além das teorias (que também são práticas haha) sobre a história do teatro, e a arte como revolução .
Lá conheci muita gente incrível, que sou muito grata por ter conhecido e também me fizeram crescer, aliás, o Pedras é formado por gente do bem e muita energia positiva que envolve o lugar. Quando chego lá,é como se saísse daquela rotina, e da cidade confusa e barulhenta. E saio com outros olhos para o mundo á nossa volta. O meu maior sentimento é a gratidão, a Iara, ao Adriano, e a todos que passaram pelo Pedras e pela minha história de vida lá!